20 de agosto de 2009

PREFEITURA QUER REVOLUCIONAR O SISTEMA DE ESTACIONAMENTO DA CIDADE. TROCARÁ ZONA AZUL POR PARQUÍMETRO, PROIBIÇÃO DE ESTACIOANAMENTO, CONSTRUÇÃO DE GARAGENS

Prefeitura de São Paulo promete fazer uma revolução no sistema de estacionamento público da capital. As medidas, que deverão ser adotadas no próximo ano, incluem o fim do talão de zona azul, a instalação de parquímetros, a construção de garagens e a proibição, em todas as ruas da capital, de estacionar veículos em pelo menos um dos lados da via. Para os três primeiros itens, a Secretaria Municipal de Transportes afirma que abrirá uma licitação até o fim de setembro.

Já a restrição de estacionamento só depende do fim dos estudos técnicos que foram pedidos em junho à Companhia de Engenharia de Tráfego (mais informações na página C3). Com os parquímetros, a Prefeitura ainda espera acabar com o serviço irregular dos chamados "flanelinhas" e liberar os agentes de trânsito que cuidam da Zona Azul para controlar o trânsito na capital.

A retirada de vagas das ruas, iniciada há pouco mais de um ano, complementa uma outra aposta da Prefeitura, que já foi apelidada de "Zona Azul Vertical" - edifícios-garagem com no máximo 400 vagas que devem ser construídos perto de estações do metrô e de terminais de ônibus para incentivar a opção pelo transporte público e reduzir o número de veículos em algumas regiões. A secretaria já identificou 41 terrenos dentro do centro expandido que podem abrigar esses prédios, mas não divulgou os locais, temendo especulação imobiliária.

De acordo com o secretário de Transportes, Alexandre de Moraes, a licitação prevê a divisão da cidade em lotes. Para a empresa operar uma área rentável, terá de administrar também uma outra menos atrativa. Nas garagens, o valor cobrado será o mesmo da Zona Azul tradicional. A Prefeitura anunciou o aumento da tarifa de R$ 1,80 para R$ 3, após oito anos, mas adiou o reajuste até que uma sindicância fosse concluída - havia a suspeita de represamento de talões. Moraes afirmou ontem que a análise já foi concluída.

Com a modernização do sistema de estacionamento público, a Prefeitura pretende agora atingir o limite da capacidade de estacionamento público na cidade, que é de 60 mil vagas regulamentadas. Hoje, são 33 mil. Além de prédios, o secretário também não descarta a possibilidade de construção de garagens subterrâneas.

Para o urbanista João Valente Filho todas essas propostas são bem-vindas para a cidade porque disciplinam o uso da via pública. "Temos espaços compartilhados e, especialmente em relação aos estacionamentos, precisamos de regras." Mas para o ex-secretário estadual de Transportes Adriano Branco as medidas não vão além de beneficiar os usuários de transporte individual. "São mais paliativos e serão mais um motivo para o motorista seguir de carro até seu destino."

PARQUÍMETROS

Não é a primeira vez nesta década que a administração municipal paulista cogita a troca do sistema de talões de Zona Azul pelos parquímetros. Em 2003, a medida já havia sido anunciada pela Secretaria de Transportes, com um prazo de instalação de três anos. Além de Marta Suplicy, Paulo Maluf e Celso Pitta também planejaram a alteração, que não saiu do papel.

O modelo envolveria, conforme estudos da gestão petista, a instalação nas calçadas de máquinas que funcionariam com moedas ou cartões. Agora, o sistema a ser adotado dependerá das empresas que concorrerem na licitação - um dos sistemas, eletrônico, poderia fazer a cobrança online, como já ocorre em Mogi das Cruzes. A obrigatoriedade de instalação de chips de identificação nos veículos também pode facilitar o serviço.
 

 
AFCET-SP