16 de fevereiro de 2007

JT - MATÉRIA SOBRE SEMÁFOROS INTELIGENTES



De 'inteligentes', os 1.256 semáforos que deveriam medir eles mesmos os volumes de tráfego e se auto-programarem, abrindo e fechando em tempos diferentes de acordo com o movimento, não têm quase nada. Dos equipamentos instalados desde 1994, e que deveriam contribuir para a fluidez no trânsito, apenas 18% (230 semáforos em toda a Capital) estão funcionando como deveriam, de acordo com levantamento atualizado feito pelo Sindviários, o Sindicato dos Marronzinhos.

Os outros 1.026, apesar de projetados como semáforos inteligentes, funcionam como sinalizadores comuns - a maioria deles com base em antigas programações de tempos fixos para abertura e fechamento, iguais durante o dia e a noite, sem levar em conta o fluxo de tráfego.

Com exclusividade, o JT visitou um dos cinco Departamentos de Controle Semafórico (DCSs), centrais da Companhia de Engenharia de Tráfego(CET) que monitoram os semáforos, as antigas Controle de Tráfego de Área (CTAs). Em dois deles, não há nenhum semáforo inteligente funcionando. Nas outras, no máximo 30% funcionam como o projetado.

Nas telas dos computadores, aparece uma profusão de pontos vermelhos, indicando que os semáforos sequer estão se comunicando com as centrais. Em alguns poucos, cerca de 10% dos semáforos, ainda é possível mandar um comando, via central, para que mudem a temporização remotamente, mas eles não são auto-suficientes como deveriam ser. A grande maioria requer a visita de uma equipe de marronzinhos para mudança nos tempos de abertura .

Existem 650 km de fibras óticas pela Cidade responsáveis pela comunicação entre os semáforos e as centrais. Em alguns casos, essas ligações ultrapassam 13 km. Cada semáforo inteligente opera com sensores no asfalto. Com o tempo e a falta de manutenção, toda essa estrutura foi rompida por obras, concessionárias e mesmo pelo trânsito - no ano passado, um caminhão arrancou todos os sensores da Avenida Marquês de São Vicente.

Em novembro do ano passado, a CET iniciou a troca dos móveis e computadores de quatro dos cinco DCS s. Foi instalada a versão mais atualizada, em máquinas modernas, do programa Scoot, utilizado para controle de tráfego, igual ao que se usa na Inglaterra. O investimento foi de R$ 20 milhões. 'Mas falta recuperar toda a parte de rua, as fibras óticas e sensores. Sem isso, de nada adianta trocar os computadores, pois eles ficam 'cegos'', diz Cleoton Nogueira de Sá, diretor do Sindviários.

Quanto às 160 câmeras de monitoramento, apenas 33% funcionam, diz outro diretor do sindicato, Alfredo Coletti. Alguns dos monitores observados na central ficam desligados. Em outros, há tantos fungos e sujeira nas câmeras que os técnicos não vêem nada. Nos locais visitados pelo JT, há ainda uma câmera que funciona, mas seu mecanismo de giro travou: os funcionários da CET só enxergam, em vez do trânsito, passarinhos em uma árvore.

(Fonte: Jornal da Tarde)


Alberto Macário

AFCET-SP