24 de fevereiro de 2010

CAOS ORGANIZADO?

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Visualize uma rua onde transitam carros, pessoas e todos os elementos que compõe uma cidade grande. Você consegue ver o semáforo, a faixa de pedestres, as placas de sinalização e os desníveis na calçada? Pois bem, agora tire tudo isso. Tudo que for sinalização e elemento para a organização do trânsito deve estar fora da sua imaginação. Então, pense como ficaria a rua: carros batendo uns nos outros, pessoas sendo atropeladas, gritos, fumaça, confusão… O verdadeiro caos, não é mesmo?

Porém, pode não ser bem assim. Hans Monderman, engenheiro de tráfego holandês, pensou em uma alternativa bastante diferente e inovadora para resolver os problemas de trânsito de seu país. A ideia surgiu quando o governo holandês, cansado de tantos acidentes causados pelo número crescente de automóveis, convidou Monderman a criar um projeto que buscasse diminuir esses índices.

A premissa do projeto de Hans é muito simples e tem tudo a ver com o Trânsito + Gentil: o espaço público sempre pertenceu ao ser humano. Mas, com o passar do tempo e o número sempre crescente da população, foram criadas muitas regras para organizar o tráfego que, de certa forma, impediram as pessoas de circular livremente pelas ruas. Sem esse poder, as ações se tornaram automáticas e as pessoas deixaram de se enxergar. A partir desse momento, todos passaram a obedecer leis de trânsito, e começaram a prestar atenção apenas nos sinais criados pelo homem, esquecendo de olhar a sua volta e prestar mais atenção no próximo.

Hans Monderman sugere que o espaço seja compartilhado. A intenção é que as pessoas se comuniquem por olhares e assumam a responsabilidade de fazer da rua um espaço organizado e civilizado. Só o fato de parar para olhar e respeitar o outro, já faz com que você esteja mais atento ao trânsito e cause menos acidentes. Ao invés de separar cada forma de deslocamento, como por exemplo: bicicletas, carros e pedestres, ele diz que todas elas juntas podem funcionar bem melhor.

Para integrar todas essas formas de deslocamento, foi necessário estabelecer algumas regrinhas: o pedestre é sempre prioritário, depois vem a bicicleta e, em seguida, os carros. Aliás, o carro que vem da direita também tem preferência em relação aos outros. Além disso, a velocidade máxima é sempre 30 km/h, que é o máximo permitido para não se causar danos sérios a pedestres. Ou seja, você dirige olhando para as outras pessoas. Quando vê um pedestre que vai atravessar, para imediatamente e está sempre atento a sua velocidade. O responsável ali é você, e a sua segurança depende apenas de você mesmo.

O projeto de Hans Monderman foi aplicado na cidade holandesa de Drachten e conseguiu reduzir para quase zero o número de acidentes nas áreas onde foi implantado. Inclusive, no Brasil, mais precisamente em Salvador, existem áreas onde o conceito de espaço compartilhado é adotado e, de acordo com a Superintendente de Engenharia de Tráfego (SET), Cristina Aragón, o número de mortes no trânsito, em 10 anos, caiu pela metade.

Queremos saber o que vocês acham da proposta de Hans. Acham que funcionaria em cidades grandes como São Paulo, por exemplo, levando em consideração o número de pessoas que habitam a cidade? Vamos discutir maneiras diferentes para melhoria do trânsito e apoiar sempre a campanha do Trânsito + Gentil. Participem deixando um comentário pra gente!

(Fonte: Site Trânsito + Gentil)